segunda-feira, 14 de maio de 2012

A Veja quer censurar a internet | Carta Capital

A revista Veja tem medo do jogo da velha. O jogo da velha, no caso, são as hashtags, antecedidas pelo sinal #, para destacar vozes numa multidão de internautas – bobagens em alguns casos, mobilizações, em outros.
Para quem diz defender com a própria vida a liberdade de expressão, é preocupante. Nas 16 páginas desperdiçadas na edição do fim-de-semana em que tenta se defender, a semanal da editora Abril deixou claro: para ela, a liberdade de expressão não é um valor absoluto. Tem dono – ela e o reduzido grupo de meios de comunicação que se auto-qualificam de “imprensa livre”. Livre de quem? No caso da Veja, certamente eles não tratavam do bicheiro Carlos Cachoeira, espécie de sócio na elaboração de pautas da publicação.
Getúlio Vargas valia-se da expressão “aos amigos tudo, aos inimigos a lei”. A revista, em sua peça de realismo fantástico disfarçada de “reportagem”, a reformula: “aos amigos tudo (inclusive o direito de caluniar, manipular e distorcer), aos inimigos a censura. Ou não é isso, ao desferir um golpe contra as manifestações livres na rede e sugerir uma “governança” na internet, que os editores do semanário propõem? Eles tem urticária só de ouvir falar em um debate sobre a regulação dos meios de comunicação. Mas pimenta nos olhos dos outros…
Na própria peça de defesa, Veja distorce. Não foi a revista que derrubou Fernando Collor de Melo. É uma mistificação que só a ignorância permite perpetuar. A famosa entrevista do irmão do ex-presidente não teria resultado em nada. O que derrubou Collor foi o depoimento do motorista Eriberto França, personagem descoberto pela rival IstoÉ, na ocasião dirigida por Mino Carta.
Em termos de desonestidade intelectual, Veja se superou. Ao misturar aranhas, robôs e comunistas, a semanal de Roberto Civita produziu um conto de terror B. Nem se vivo fosse o falecido cineasta norte-americano Ed Wood, famoso por suas produções mambembes, toparia filmar um roteiro parecido. Além de tudo, a argumentação cheira a mofo, tem o tom dos anos da Guerra Fria. Quem tem medo de comunistas a esta altura? Nem na China.
PS: a lanterna na capa do semanário mostra outra coisa: calou fundo na editora o apelido Skuromatic, a lâmpada que provoca a escuridão ao meio-dia, dado a Roberto Civita por jornalistas da antiga redação de Veja.

mídia tradicional e jornaloes já era...

Por que a mídia tradicional teme a internet? "Um estudo inédito feito pela IAB Brasil em parceria com a comScore revela que a internet já é a mídia mais consumida no país, hoje com 80 milhões de internautas e crescendo a cada dia. Segundo o levantamento "Brasil Conectado - Hábitos de Consumo de Mídia", que investigou a importância crescente da web na rotina dos brasileiros, a internet é considerada o meio mais importante para 82% dos 2.075 entrevistados. As pessoas ouvidas pelo instituto que são usuárias da rede, têm entre 15 e 55 anos - 51% homens e 49% mulheres. Segundo dados do Interactive Advertising Bureau (IAB), mais de 40% dos entrevistados passam, pelo menos, duas horas por dia navegando na internet (por vários dispositivos digitais), enquanto apenas 25% gastam o mesmo tempo assistindo TV. A internet aparece como a atividade preferida por todas as faixas etárias, de renda, gênero e região quando se tem pouco tempo livre, somando 62%. Em casa, a web é acessada pela manhã, quando 69% se conectam, 78% acessam à tarde e 73% à noite. É também a mídia mais popular em todos os demais lugares como trabalho, escola, restaurantes, shoppings e na casa de amigos. "Todos os dados confirmam a expansão do mercado, que tende a se acentuar com as iniciativas de ampliação do acesso a banda larga e também ao aumento da base de smartphones. Estamos apenas no limiar de uma grande transformação", disse Fabio Coelho, presidente do IAB."

sábado, 12 de maio de 2012

Jornalões saem em defesa da revista Veja




Agora os veiculo  mídia estão querendo atribuir  ao Delegado da Policia Federal Matheus Mella Rodrigues,  uma frase que ele não disse na CPMI, Acontece que o Delegado não absolveu a Veja!  Não disse que o reporte não cometeu crime como afirma uma nota no  jornal o Globo na coluna de Ilimar Franco. Muito me espanta que corporativismo que a mídia jornalões tanto criticam, em algumas organizações como sindicatos, associações, policiais poder judiciário, também ocorre em veiculo de mídia. Pois é Jornaloes também tem pés de barro!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Por que a Globo tá defendendo a Veja quando todos os indicio leva associação da Máfia do Cachoeira com a revista ?






O chapeleiro Loco Reinaldo Azevedo uns dos comparsa do grupo Abril na figura de Roberto Civitta  faz ataques  para todos os lados, mas nunca explicou porque a VEJA jamais fez uma reportagem que denunciaria Cachoeira. Tanto não explicou como não disse que a amizade entre VEJA e o bandido Cachoeira, vem de longe. Em 2005, Policarpo da Veja foi depor em uma outra CPI, mas para defender seu amigo-bandido Cachoeira. Em editoria as Organização Globo faz uma defesa apaixonada do Revista Veja, Policarpo a ponto de dizer que a lealdade do jornalista é com a noticia. E emenda: estabelecem as Organização Globo em um dos itens de seus Princípios Editoriais  é altamente recomendável que a relação com a fonte, por mais próxima que seja, não transforme em relação de amizade.



É simbólico o padrão de jornalismo tupiniquim, sobretudo  dos demais veículos de comunicação quando silencia e faz todos acreditarem, que tudo não passa de uma luta politica ideológica de setores chapa branca do Lulo petismo Enfim, perguntas que não quer calar: Por que o Globo em editorial acusa todo Blogs sujo que não compartilha do mesmo pensamento, de chapa branca? Por que a VEJA odeia tanto o PT? Por que a Globo tá defendendo a Veja quando todos os indicio leva associação da Máfia do Cachoeira com a revista ? Por que a Veja jamais fez uma reportagem que prejudicasse os interesses do Cachoeira? Por que a Globo faz uma defesa apaixonada de Roberto Civita. Por que Roberto Civita não poderia ser o Rupert Murdoch dos trópicos? Enfim, por que... por que...

Bob Fernandes: O Brasil vai ou não vai investigar a sua mídia?


Por Bob Fernandes, no Terra Magazine
Rupert Murdoch é dono de um dos maiores impérios de mídia do mundo. Ele tem centenas de empresas que faturam perto de US$ 30 bilhões/ano. Mesmo com tudo isso, o relatório de uma CPI em andamento na Inglaterra acusa Murdoch de “enganar o Parlamento”.
A CPI britânica concluiu que Murdoch e seu filho, James, fecharam os olhos para crimes cometidos por suas empresas. Entre outros crimes, um dos jornais de Murdoch grampeou os príncipes Harry e William, herdeiros da coroa.
O Brasil começa a viver a CPI do Cachoeira. Não é segredo que a mídia também está no olho do furacão. E que parlamentares querem investigar as relações entre o bicheiro Cachoeira, o senador Demóstenes Torres e a revista Veja. O ex-presidente Lula também acha que se deve investigar essas relações.
Na internet, que no Brasil tem algo como 80 milhões de usuários – estima-se que 48 milhões de usuários diários – o julgamento já começou.
O julgamento na internet dispensa provas. Cada um condena e absolve quem quiser. Bastam a opinião e o desejo de cada um. Como, aliás, tem sido cada vez mais em quase toda a mídia. Já uma CPI tem que investigar, de verdade, e provar. Até para inocentar.
No caso em questão, à parte os fatos que ainda não foram devidamente investigados, algo chama a atenção de parlamentares: como, em anos e anos de relação e de escândalos publicados, não se percebeu que Cachoeira era quem era? E isso, com Cachoeira tendo sido personagem do “Caso Waldomiro”, que anos antes foi noticiado também na mesma revista Veja.
Na mídia, uma reportagem é fruto de decisões coletivas. A cultura é de construções e procedimentos hierarquizados. Portanto, a escolha de bode expiatório é um erro e é injusto. Mas, assim como o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, a mídia pode cometer erros, e comete. E, como ensina agora a Inglaterra, não há porque não examiná-los.
Há outro caso. Talvez até mais grave do que este porque levou a um choque entre poderes. Em 2008, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, foi ao Palácio e interpelou ninguém menos do que o Presidente da República. Mendes chamou Lula “às falas”, segundo suas próprias palavras então.
Gilmar Mendes e Demóstenes Torres se disseram vítimas de um grampo da Abin, conforme capa da mesma revista Veja. A Polícia Federal investigou e não achou vestígio de grampo algum.
Mas, por conta desse grampo que ninguém ouviu, Paulo Lacerda, então diretor da Abin, foi demitido e “exilado” em Portugal. E com o grampo que ninguém sabe e ninguém ouviu, começou-se a enterrar a Operação Satiagraha. Aquela que prendeu o Banqueiro Daniel Dan

domingo, 8 de abril de 2012

Gilson Caroni Filho: Demóstenes e o ‘duplipensar’ da imprensa



por Gilson Caroni Filho
Qualquer pessoa de bom senso, que tenha lido os articulistas da grande imprensa, desde o surgimento dos escândalos envolvendo o senador Demóstenes Torres, concluirá facilmente que os trabalhadores das oficinas de consenso, aturdidos com o que lhes parece um ponto fora da curva, uma desconstrução dispendiosa e extemporânea, são como aqueles motoristas que imaginam poder dirigir um veículo com os olhos presos ao retrovisor. Não enxergam a clareza da realidade. O círculo do jornalismo de encomenda, minúsculo e cego, está só, murado no seu isolamento.
A pedagogia dos fatos, inexorável nas suas evidências, parece passar ao largo das redações. O que se faz ali não é jornalismo, mas um simulacro de literatura de antecipação marcada por profundo pessimismo e cenários de devastação. Talvez George Orwell e seu clássico “1984” expliquem melhor o suporte narrativo da fábula que não deixa de trazer uma concepção de história autoritária e retrógada.
As delicadas relações do senador goiano com o bicheiro Carlinhos Cachoeira - e a possibilidade de que o governador tucano Marconi Perillo venha a ser o próximo alvo- pôs em operação o “duplipensar” orwelliano que, desde a posse de Lula, está incorporado aos manuais de redação. Como o objetivo é afastar o ex-varão de Plutarco de cena, para prosseguir atacando o governo da presidente Dilma, os “cães de guarda” cumprem a tarefa com afinco.
No reduzido vocabulário da “Novilíngua”, o  “duplipensamento” é assim explicado por um dos personagens de “1984”:
“capacidade de manter simultaneamente duas crenças opostas, acreditado igualmente em ambas(…). Saber que está brincando com a realidade mas, mediante o exercício de tal raciocínio, convencer a si próprio, que não está violentando a realidade. O processo deve ser consciente, pois do contrário não funcionará com a previsão necessária: mas, ao mesmo tempo, deve ser inconsciente para não produzir sensação de falsidade e culpa”.
Com esse trecho, cremos ter decifrado os sorrisos de Merval Pereira, Dora Kramer, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, entre outros, quando confrontados com a palavra “ética”.
Para eternizar a ordem que defendem com unhas e dentes o cenário político, submetido ao pensamentoúnico, passa por processos de ocultamento e simplificação, visando a eliminar todas as possibilidades de pensar dos membros do Partido Imprensa.
Outra implicação do “duplipensar” da mídia corporativa é a constante alteração do passado. O registro – e consequentemente a memória – dos fatos ocorridos devem ser refeitos sempre, a fim de adaptarem-se ao presente. O trabalho de um “bom” editorialista é reescrever a visão dos veículos em que trabalha para que não contradiga a realidade de hoje. Assim, por exemplo, Folha, Globo e Estadão podem condenar o golpe de 1964, mesmo o tendo apoiado ostensivamente. Se um livro denuncia um líder político como Serra e outras figuras no seu entorno, a solução é simples: Ele nunca foi escrito e, portanto, jamais será resenhado, sendo passível de punição severa quem não entender como funcionam as “leis naturais”.
Além da eliminação do passado como elemento de desarmonia com o presente e como instrumento de verificação das afirmações do Partido Imprensa, este recorre a outros meios, bem mais convencionais, para moldar a consciência de seus filiados e simpatizantes (leitores e telespectadores): educação permanente assegurada pela propriedade cruzada dos meios de comunicação, atividade coletiva sem intervalos, o que pode ser obtido mediante ampla oferta de blogs, sites, jornais e redes que digam sempre o mais do mesmo . Para concluir, vem  a valorização do poder político como fim, não como meio.
O incômodo Demóstenes deve, após a sequência de denúncias, ter um diagnóstico clínico que despolitize o seu desvio. Merece, pelos serviços prestados, um roteiro que conte a tragédia do Catão caído, até que, finalmente, desapareça na lata de lixo reservada aos que fugiram da trama original. Assim agem os bons autores ao tomar como ponto de partida uma realidade familiar e palpável e transformá-la em espetáculo perecível. Em tempo: o DEM, assim como o PFL, nunca contou com o apoio das corporações midiáticas por um simples motivo: nunca existiu.
Vejam como operam nossos talentosos colunistas. Orwell ficaria tão contente que, com certeza, lhes arrumaria um lugar no Ministério da Verdade.
“Em um mês, o senador Demóstenes Torres passou de acima de qualquer suspeita para abaixo de qualquer certeza, num episódio que desafia os romances policiai s mais surpreendentes. Alem da atuação implacável contra a corrupção, ele tinha a cara, vestia o figurino e se comportava como um incorruptível homem de bem – e talvez seja mesmo sócio da holding criminosa de Cachoeira (Nélson Motta, 6/04/2012, o Globo)
“Demóstenes Torres não seria beneficiado pelo “vício insanável da amizade” – expressão usada pelo notório Edmar Moreira (o deputado do “castelo”) para definir o principal obstáculo a punições -, pois os amigos que fez ali estão entre as exceções e os demais confirmam a regra.Por terem sido alvos do senador na face clara de sua vida agora descoberta dupla, podem querer mostrar-se ao público em brios. O problema, porém, é a falta de credibilidade” (Dora Kramer, 6/04/2012, Estado de S. Paulo)
“Esse personagem que o senador criou para si próprio não era uma mentira de Demóstenes, ele incorporou esse personagem e acreditava nele. Podia acusar com veemência seus colegas senadores apanhados em desvios, como Renan Calheiros, enquanto mantinha o relacionamento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira porque, como todo psicopata, não misturava as personalidades “(Merval Pereira, reproduzindo argumento do psicanalista Joel Birman, 30/03/2012, O Globo)
Leia também:

segunda-feira, 5 de março de 2012

O bicheiro, o senador e o grampo falso da Veja


Autor: 
 
A revelação das relações entre o senador Demóstenes Torres e o bicheiro Carlinhos Cachoeira reabre as feridas da Operação Satiagraha e do grampo falso plantado pela revista Veja para reavivar a CPI do Grampo e matar as investigações.
Na série "O Caso de Veja", que escrevi em 2008, um dos capítulos tem por título "O araponga e o repórter" (clique aqui).
Nele, se mostram as relações incestuosas entre Carlinhos Cachoeira e a sucursal brasiliense da revista. Coube a Carlinhos indicar o araponga que, contratado pelo chefe de uma das gangues que dominava os Correios, em aliança com o repórter da revista, deflagrou o escândalo da propina dos R$ 3 mil. O escândalo derrubou o esquema comandado pelo deputado Roberto Jefferson, permitindo a retomada do controle das negociatas pelos parceiros de Carlinhos. Tempos depois, a Policia Federal deflagrou a operação que desarticulou a quadrilha e a revista não deu uma linha sobre o ocorrido.

A cumplicidade era total. O araponga grampeava, o jornalista analisava se o grampo estava bom ou não. Depois, dava um tempo para que, de posse do grampo, o sujeito que contratou o araponga pudesse agir.
Tem-se, portanto, a ligação entre os grampos da revista e Carlinhos Cachoeira.
Tem-se, também, Demóstenes Torres se prestando ao grampo armado, naquela conversa com o presidente do STF Gilmar Mendes. O arquivo de som jamais apareceu para não revelar as fontes. A atuação de Demóstenes no grampo parece com a de uma senhora que, sabendo de antemão que será filmada, trata de vestir sua melhor roupa. A conversa é estudada e consagradora para Demóstenes, que se apresenta como um senador defensor dos bons costumes. É o primeiro caso de grampo a favor da vítima.
Agora, aparecem as relações entre Demóstenes e Carlinhos Cachoeira.
É mais um capítulo sobre as relações terríveis entre crime organizado, jogo político e mídia.
No caso do grampo, houve a tentativa (bem sucedida) de envolver a mais alta instância do Poder Judiciário.

sábado, 3 de março de 2012

seja mesmo cuidadoso


O PIG NÃO NOTÍCIA, MAS NÓS PUBLICAMOS

A estranha amizade de Carlinhos Cachoeira, Demóstenes Torres (DEM) e Marconi Perillo (PSDB)

Escutas telefônicas mostram que o bicheiro e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) conversavam com frequência. O parlamentar diz ser amigo do contraventor.

Gravações telefônicas, autorizadas pela Justiça, mostram as relações de bicheiro preso pela Polícia Federal com parlamentares de Goiás

Um amigo íntimo de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, aparece com frequência nas conversas telefônicas gravadas mediante autorização da Justiça Federal, dentro da investigação que resultou na Operação Monte Carlo. O senador Demóstenes Torres (DEM-GO), líder do Democratas no Senado e uma das principais referências da oposição no Congresso, fez ligações e recebeu chamadas do bicheiro. As conversas evidenciam a amizade entre os dois. Algumas delas eram encerradas rapidamente — os diálogos continuavam em encontros posteriores, agendados nas ligações telefônicas.

Desde o início das investigações que resultaram na prisão de Cachoeira, ancoradas na quebra do sigilo telefônico do bicheiro, os diálogos com Demóstenes chamaram a atenção dos procuradores da República responsáveis pelo procedimento aberto. Por ter foro privilegiado, o senador — que foi promotor de Justiça antes de ocupar um cargo eletivo — não pode ser investigado pelos procuradores. Os diálogos mostram a relação entre Demóstenes e Cachoeira, mas são curtos e dão poucas pistas sobre a proximidade entre os dois. O Ministério Público Federal (MPF) em Goiás, que conduziu as investigações, já decidiu que as transcrições serão remetidas à Procuradoria-Geral da República (PGR), para a abertura de um novo procedimento de investigação.

Demóstenes não deve ser o único investigado. Outro líder, o do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), aparece nos grampos autorizados pela Justiça. A interceptação telefônica detectou também conversas entre Cachoeira e o deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO).

Um interlocutor recorrente, o ex-presidente da Câmara de Goiânia Wladmir Garcez, é acusado nas investigações de explorar diretamente jogos de azar e de servir de ponte entre Cachoeira e o corregedor-geral da Polícia Civil. Garcez, preso preventivamente na operação, é amigo do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), com quem trocou diversas mensagens, como revelou ontem o site da revista Época. Também neste caso, o ex-vereador fazia a ponte e enviava recados ao bicheiro. A missão de Garcez no grupo criminoso, conforme as investigações, era obter informações sigilosas. Cachoeira tinha tanta força no governo do Estado que conseguiu nomear "dezenas de pessoas" em cargos públicos, conforme as investigações.

Presente

Demóstenes e Jovair admitiram ao jornal Correio Braziliense ser amigos de Cachoeira. A assessoria de Perillo confirmou a relação de proximidade entre o governador tucano Marconi Perillo e Wladmir, preso preventivamente na Operação Monte Carlo. O senador chegou a receber de presente do bicheiro um fogão e uma geladeira. "Casei-me em julho de 2011 e a mulher de Cachoeira deu de presente para minha mulher um fogão e uma geladeira. Você já rejeitou um presente de casamento?", argumentou Demóstenes ao Correio. O senador diz que a atual mulher de Cachoeira foi casada com seu primeiro-suplente, Wilder Pedro de Morais. Ele nega ter recebido dinheiro do bicheiro como doação de campanha.

O senador disse ainda desconhecer a atuação de Cachoeira como líder de uma organização que explora a jogatina. "Para mim, ele era dono de indústria farmacêutica. Quando ele atuava com jogo, caça-níquel era legal." Ao Correio, o líder do PTB na Câmara admitiu ter falado com Cachoeira sobre doação para campanha eleitoral. "Como existe a questão eleitoral, falamos de captação de recursos. Um candidato precisa de doação de campanha, isso é natural", diz Jovair Arantes. "Ele é uma pessoa amável, amigável. Você não vai me pegar numa ligação com traficante, pedófilo ou assassino." Já a assessoria de Marconi Perillo sustenta que a relação do governador com Wladmir Garcez é política. "As mensagens trocadas eram sobre política e campanhas."

Na noite de quinta-feira, Cachoeira foi transferido para o presídio federal de segurança máxima de Mossoró (RN). Até a noite de ontem, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região não havia se pronunciado sobre o pedido de habeas corpus impetrado pelos advogados de defesa do bicheiro. Fonte: Correio Braziliense